quarta-feira, 1 de maio de 2013

Manifesto de lançamento da Militância Socialista


1. A militância socialista tem sido sujeito importante na construção da história nos últimos dois séculos. A luta socialista passou por diferentes contextos. Nós, socialistas, fomos minoritários e hegemônicos. Estamos em países centrais e periféricos. Embalamos sonhos de uma nova sociedade. Nem sempre conseguimos responder aos desafios concretos, mas nunca faltamos com a luta da classe trabalhadora por sua emancipação. Muitos pagaram com suas vidas, pelas nossas idéias e práticas.


2. Vivemos tempos contraditórios difíceis e encantadores, porque vivemos em um mundo globalizado que cria as condições materiais para a satisfação das necessidades básicas de todos os seres humanos e necessidades espirituais para todas as pessoas, comunidades étnicas, culturais e nacionais. Entretanto, a lógica do capitalismo não permite e não permitirá realizá-las.

3. No contexto globalizado e de crise sistêmica pelo qual passamos, reafirmar nossa Militância Socialista é um ato de coragem e de esperança e responsabilidade. Sem pretensão de exclusivismo ou hegemonismo, nos consideramos herdeiros desta luta e nos declaramos MILITÂNCIA SOCIALISTA.

4. Denunciamos a falácia neoliberal do fim da história e permanecemos identificados com a perspectiva socialista. O discurso neoliberal não consegue esconder que o capitalismo explora a classe trabalhadora, oprime e discrimina amplas maiorias, esmaga as diferenças e destrói a natureza, para buscar o lucro e o consumismo. Este sistema impôs um mundo infeliz pleno de injustiças, motivos de nossa indignação e das nossas lutas por uma utopia socialista, humanista, feminista, ambientalista e internacionalista.

5. Queremos resgatar a atualidade da luta de classes. As conquistas sempre serão fruto da luta organizada, da mobilização popular e da capacidade de acumular forças para avançar cada vez mais rumo a uma transformação radical da sociedade.

6. Queremos resgatar também a necessidade de transformar as relações humanas, no contexto individual e coletivo. Incorporar a vivência da igualdade e do pleno reconhecimento e respeito às diferenças, lutando contra qualquer discriminação de gênero, étnica, etária, de orientação sexual ou de condição social, rumo a uma sociedade de homens e mulheres livremente associados.

7. Queremos mudar a relação entre os seres humanos e o meio ambiente e construir um novo modelo de desenvolvimento socialista, que atenda as necessidades humanas por vida digna e o respeito à Mãe Terra.

8. Ser militante socialista no Brasil hoje nos impõe a tarefa de que participamos de um inconcluso processo social de emancipação política da classe trabalhadora, do qual o PT é a expressão. Nossa intervenção dentro do partido será sempre de fazer a disputa por idéias de esquerda, democráticas, internacionalistas e socialistas, contra a tendência atual de fazer do PT um partido da ordem.

9. Assim, ao final de quatro anos de convivência num campo político nacional, assumimos o desafio de organizar uma nova tendência socialista no interior do PT: a Militância Socialista.

10. Nascemos como nasceu o próprio Partido, da necessidade de organização dos petistas de diferentes contextos estaduais, mas unidos pela busca de um espaço nacional comum e diferenciado. Uma tendência para revisitar idéias históricas, entender debates contemporâneos e projetar novos sonhos e uma utopia capaz de encantar velhos e novos militantes socialistas.

11. Ser militante socialista no PT de hoje exige conciliar teoria e prática, construir consensos com respeito às diferenças, com princípios éticos. Combinar disputas locais com disputas nacionais, objetivos táticos com objetivos estratégicos, resgatar o petismo e disputar o legado do lulismo para um projeto transformador.

12. Ser militante socialista no PT de hoje é reconhecer a autonomia dos movimentos sociais como protagonistas da transformação social, construir plataformas comuns de mudanças radicais no sistema político, econômico, contra o monopólios das comunicações, na garantia dos direitos dos trabalhadores, da reforma agrária e urbana, na saúde, na educação e no meio ambiente.

13. Nós da MS, reivindicamos a herança de luta e a rebeldia, dos nossos antepassados, indígenas na luta contra os colonizadores; dos negros de Palmares; dos revolucionários de Canudos, da Cabanagem, da Balaiada, do Contestado, dos Malês, de tantas outras lutas populares e dos comunistas brasileiros no enfrentamento às várias ditaduras; dos cristãos organizados nas comunidades eclesiais de base, e difusores da teologia da libertação; dos jovens rebeldes que deram suas vidas no combate a ditadura, das mulheres, que rompendo parâmetros machistas conquistaram espaços na vida política do Brasil. De todas e de todos, que como dizia Che Guevara, “são capazes de se indignar contra todas as formas de exploração no mundo”. De todos e todas, que como nos ensinou Bertolt Brecht, “são imprescindíveis, por que lutam sempre”.

14. Com a pretensão de contribuir de forma humilde, mas resoluta, ombro a ombro, com todos os petistas e socialistas não petistas, para o processo de transformação social no Brasil, e o resgate do socialismo como projeto histórico para a humanidade, apresentamos ao PT e a todos aqueles que defendem a unidade dos socialistas, nossa tendência interna, que se organiza neste nove de outubro de 2011: A MILITÂNCIA SOCIALISTA.

Viva a luta e a rebeldia do povo brasileiro!
Viva o PT e a sua militância aguerrida!
Viva a Militância Socialista!
Viva o Socialismo cada vez mais vivo!